terça-feira, 13 de maio de 2014

12 anos depois, aquele abraço ao irmão Ernesto !

Não via o meu irmão há 12 anos.
Muito tempo, a acentuar as debilidades físicas e a torná-las muito visíveis, como pude verificar depois.
E no sábado passado completou 80 anos de idade.
 
Vivendo em França e apesar dos muitos meios que estão à nossa disposição, fui deixando andar e nunca mais tomava a decisão de ir até ele para lhe dar um abraço.
Mas eu tinha de o fazer no dia do seu aniversário. E fiz.
Apenas dando conhecimento da minha intenção aos sobrinhos, fiz questão de que ele a não conhecesse com antecedência.
Apareci na hora em que a família estava reunida para celebrar o acontecimento, tornando-me na surpresa que o irmão jamais esperaria para esse dia.
Foi um momento que me encheu a alma.
E creio que a ele também.
Dos sete irmãos que fomos, cinco ainda estão vivos, sendo ele agora o mais velho dos cinco.
Cheguei a este dia ansiosamente aguardado e posso dizer que são momentos como este que me têm gratificado e dado um sabor muito especial à vida.
Estando perto de Paris, ainda foi possível a visita por um dia à cidade-luz para matar saudades, o que também foi muito gratificante. Até deu para o retrato na ponte onde muitas pessoas resolvem prender os seus amores a cadeado, julgando segurá-los toda a vida. Apetece dizer: ele há casos... !!!
Inicialmente estava previsto ter a companhia da esposa, mas havia de ser o David a acompanhar-me nesta viagem. Não sendo uma longa viagem, nem pelo dispêndio de tempo nem pela distância, até porque a morada do Ernesto é exactamente na cidade-terminal do voo da Ryanair (Paris), parecia não haver razão para esperar que passassem 12 anos até acontecer o abraço que fui dar-lhe no dia do seu 80º. aniversário (10 de Maio). As questões de oportunidade a serem postas sempre em primeiro lugar, o que nos leva a não saber aproveitar o tempo de que dispomos, quando o tempo de que dispomos é sempre menor do que aquele que julgamos ter.
E nesse dia 10 de Maio de 2014 em que deixei o abraço ao irmão Ernesto, não era imaginável, de modo algum, que no dia 5 de Julho seguinte o David havia de iniciar o mais terrível e dramático percurso que se pode ter na vida.