sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

HISTÓRIA DO PAI NATAL NO FUNDÃO - 2010


Esta é a história da visita que o Pai Natal “trajado a preceito” fez a nossa casa, quando os netos vieram ao Fundão passar o Natal de 2010.

E o Pai Natal trazia as prendas pedidas pelo António e pela Benedita, para além das que serviam de partilha entre adultos.

O Pai Natal havia descido pela chaminé e dali para o sótão, deixando depois as prendas no terraço e assinalando a entrega com o tradicional oh-oh-oh !


O António e a Benedita deram-se conta do barulho e foram a correr para tentar vê-lo. E conseguiram. Mas depois, intrigados, deixaram a pergunta ao tio David: “porque é que o Pai Natal tinha umas sapatilhas iguais às tuas ?”

A resposta do tio David talvez não os tenha convencido, mas aceitaram-na:- porque eu encontrei um senhor de barbas brancas que me perguntou onde tinha comprado aquelas sapatilhas, porque gostava muito de ter umas iguais, e eu indiquei-lhe o estabelecimento.
E foi assim que no Fundão aconteceu Natal em 2010.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

1969 - FÉRIAS EM ANGOLA – relato nunca feito de uma viagem recordada passados 50 anos


Num dos períodos de férias em tempo de comissão militar na então cidade Salazar, hoje N’dalatando, Angola, eu e dois dos companheiros do PAD 1245, resolvemos ir conhecer um pouco do sul de Angola, nomeadamente Lobito, Benguela e Nova Lisboa, fazendo um circuito a iniciar em Luanda. Para além de mim, faziam também parte do pequeno grupo o Conceição e o Ferreira, sendo os três furriéis do P.A.D. 1245.
A viagem teve o seu início a bordo de um barco de passageiros cujo nome já sumiu da nossa memória, no qual pernoitamos enquanto este navegava rumo ao Lobito. O Ferreira dizia-me há dias, quando lhe lembrei esta viagem, que nunca esqueceu a sopa de feijão vermelho e hortaliça que nos foi servida à refeição, mas o menú completo nenhum de nós foi capaz de recordar.
 

O Lobito foi então visitado durante o tempo de espera pela partida do comboio dos CFB (Caminhos de Ferro de Benguela), o chamado Comboio Mala, que havia de nos levar até Benguela e daí para Nova Lisboa, depois de passar na Catumbela, Cubal e Caála. Durante a visita ao Lobito tive oportunidade de subir a bordo da máquina nº. 1 do CFB que ali se encontrava exposta. 
 

Foi no conforto de uma carruagem-cama que nos instalámos e passámos a noite, usufruindo também do impecável serviço de restaurante que na altura foi muito apreciado. A experiência que esta viagem nos proporcionou não foi esquecida até hoje.


Outro atractivo desta viagem, na parte que englobou o comboio, tem a ver com a beleza do percurso que nos foi dado apreciar, principalmente com o findar da claridade do dia e o seu início no amanhecer, ao longo dos mais de 300 km percorridos enquanto o comboio subia, num andamento remanchão, para o planalto central até ao Huambo-Nova Lisboa. Mas a beleza das zonas rochosas que a composição ia atravessando não lhe ficava atrás.


Estávamos então em 1969 e nessa altura o tipo de locomotivas usadas na tracção da composição do comboio eram já diesel-eléctricas da marca “General-Electric” que começaram a ser adquiridas a partir de 1961, embora tenha a ideia de que na altura ainda eram utilizadas as locomotivas Beyer-Garratt de fabrico australiano, talvez mais em comboios de mercadorias.

Nova Lisboa surpreendeu-nos pela sua grandeza, enormes avenidas, uma actividade comercial intensa e edifícios de grande volume, liceu, instituto Superior de investigação Veterinária,  hospital, cinema, vários clubes, etc.

Depois de nos instalarmos numa residencial perto da central de camionagem, tivemos oportunidade de ir ao cinema e nos dois dias seguintes demos voltas para conhecer o mais possível da cidade, até encetarmos o regresso a caminho de Luanda, vencendo os 600 km de distância.

A meio do caminho desse longo percurso, o autocarro que até já era de razoável conforto, fez uma paragem para o almoço num restaurante à beira da estrada.

Ainda hoje recordo que na valeta andava uma porca a focinhar, com uma manada de leitões a imitá-la. Ora naquela fase da comissão, os nossos comportamentos ultrapassavam por vezes os padrões de gente equilibrada, sendo chamados de “cacimbados” ou “apanhados do clima”. Comigo, acontecia que gostava de imitar o roncar de um porco, levando-me a fazê-lo quando me confrontei com aquela porca. Então ela deixa de focinhar, levanta para mim o focinho e fixa-me, fazendo duas vezes: crrom-crrom. Imaginei que na linguagem porcina tenha respondido:- vai dar uma volta !

Depois da chegada a Luanda, onde passámos uma noite na Pensão Setubalense, houve que decidir do regresso à Cidade Salazar e a opção quanto ao transporte foi o combóio, que iria demorar um dia, mas que não perturbava os nossos planos. Aliás, a vantagem em ir de comboio resultava também do facto de beneficiarmos de um bónus de 75% no custo da viagem em 2ª. classe por sermos sargentos do exército português, bónus que se obtinha junto dos serviços dos Caminhos de Ferro e Transportes de Angola, que apunha um carimbo no verso do B.I.Militar com essa certificação.



Já tínhamos a experiência de outras viagens semelhantes e por isso esta era mais uma que iria permitir sair do comboio em certos trechos do percurso, ir colher um cacho de bananas a que chamávamos banana-macaco por serem de tamanho mais reduzido, das muitas que havia junto à linha do comboio e regressar de novo à composição. Isto acontecia principalmente nas zonas montanhosas como era a subida da zona dos Morros de Salazar, em que o comboio tinha uma marcha tão lenta que podia ser acompanhado a pé, marchando a seu lado.
Passaram 50 anos, mas recordar aqueles momentos é como rebobinar de forma inversa a fita do tempo. E como é bom poder fazê-lo.