sexta-feira, 7 de novembro de 2008

2007 - DE BERLIM A VARSÓVIA

Uma viagem marcada pelas visitas a Berlim, Dresden, Minas de Wieliczka, Auschwitz, Cracovia, Wroclaw, Czestochowa, Varsovia.

A escolha de uma viagem deve reunir, na minha perspectiva, pelo menos três pressupostos. Em primeiro lugar saber bem o que se pretende alcançar com a viagem. Depois, a qualidade do operador que organiza a viagem. Por fim, reunir toda a informação necessária para que saibamos o que vamos visitar, de modo a que no momento de escolher as excursões ou visitas facultativas que sempre nos propõem, saibamos optar com conhecimento de causa.
A opção por este programa foi feita pela oportunidade de visitar alguns lugares que também faziam parte do meu imaginário: Berlim, Auschwitz, Minas de Wieliczka, Czestochowa e Varsóvia, de entre outros.
E a leitura do programa do circuito foi suficiente para perceber que a história da 2ª. Guerra Mundial iria estar muito presente e isso foi também uma razão para a escolha, pois é um tema que me interessa muito.

Entretanto, durante as viagens acontecem sempre algumas surpresas e, para mim, a grande surpresa desta viagem foi Dresden. Não lera o suficiente para me dar conta da grandeza monumental que é Dresden, uma cidade que foi quase totalmente destruída pelos bombardeamentos dos aliados, mas que hoje está completamente recuperada e é, como disse, um sonho quanto a monumentos.

Mas estas viagens têm ainda outro aliciante - conhecemos pessoas maravilhosas. E se isso depende da nossa forma de ser, então pelos vistos temos sido bons companheiros para essas pessoas, pois nos elegem sempre como companhia e daí resultam relacionamentos que nos têm proporcionado momentos muito felizes.

Partimos de Lisboa rumo a Berlim, onde nos aguardava o guia de nome Valter, que nos levou ao Hotel Park Inn, situado na Alexanderplatz e nos alojou no seu 18º. piso.

Frente à nossa janela situava-se a famosa torre da TV e das telecomunicações com 368 m. de altura, tendo a 203 m. a plataforma com um café panorâmico rotativo.

Após o jantar e já com uma temperatura mais amena, pois a tarde esteve muito quente, eu e a Nelita decidimos descer toda a sumptuosa avenida que termina na Porta de Brandenburgo, cujo nome é Unter den Linden, mas que significará algo como "sob as árvores de lima".

Berlim, Potsdam e Sans Souci

O dia seguinte começou pela visita panorâmica à capital da República Federal da Alemanha, símbolo da "guerra fria", que até 1989 ficou dividida pelo "muro da vergonha" entre a parte denominada pela URSS, a leste, e a pertencente à RFA, a oeste.

O sítio em que o muro se encontrava implantado está devidamente assinalado ao longo das ruas, tendo visitado o famoso "Checkpoint Charlie", em que era possível haver passagem entre as alemanhas divididas, mas apenas para condições muito excepcionais.

Também algumas pequenas extensões do muro, ainda em pé e com grafites bem significativos, foram por nós visitadas, assim como o famoso quarteirão Tiergarten, a Universidade diante da qual foram queimadas montanhas de livros, de novo a Porta de Brandenburgo, o novo Reichstag, o Bunker em que Hitler se suicidou, o Memorial aos Judeus mortos da Europa e muitos outros locais ligados à sua história recente do pós-guerra.
A excursão que nos foi proposta e que de bom grado aceitámos, foi a Potsdam e ao Parque de Sans Souci com um conjunto de sumptuosos palácios, jardins e as famosas vinhas dispostas em sucalco, assim como o castelo que foi a residência estival de Frederico, o Grande. Aqui, o rei queria dedicar-se "sans souci" (sem apuros) ou perturbações, às suas inclinações filosóficas e culturais.
Mas é impossível descrever nestas simples páginas tudo o que nos foi dado ver durante esta visita, ou dar uma ideia do que é a extraordinária riqueza dos monumentos visitados, alguns dos quais com umas grandes pantufas enfiadas nos pés calçados, para não estragar o piso.
O tempo livre que tivemos, permitiu-nos ainda conhecer um pouco da vida berlinense e visitar diversos monumentos, de entre os quais destacamos pelo seu significado e como Memorial à 2ª. Guerra Mundial, a ruina do campanário da Igreja Comemorativa Imperador Guilherme, não desperdiçando também a oportunidade de comer um cachorro quente com umas salsichas de sabor inesquecível.
Visita a Dresden

Como já referi, Dresden foi a grande surpresa, passando a enriquecer o meu conhecimento sobre a chamada "Florença do Elba", uma cidade quase destruída pelo raid aéreo dos aliados de 13 para 14 de Fevereiro de 1945, em que terão morrido mais de 100.000 pessoas.

Antes e depois

Todo o património então destruído foi recuperado por completo, permitindo-nos visitar um conjunto monumental fantástico e de valor incalculável, do qual se destaca o conjunto barroco Zwinger (ex-libris da cidade), a Ópera Semper, a antiga Catedral Católica, de entre muitos outros verdadeiros tesouros monumentais, e num muro do castelo o impressionante painel de mosaicos de porcelana de Meissen "a Procissão dos Duques", que milagrosamente escapou intacto aos bombardeamentos.

Wroclaw e Cracóvia

De partida para a Polónia, a primeira paragem foi em Wroclaw, para uma visita a esta bela e monumental cidade, uma das mais ricas e encantadoras do país. Aí nos foi servido o almoço, de características gastronómicas polacas.

Após o almoço continuámos para a cidade de Cracóvia, uma das maiores do país e classificada de Património da Humanidade pela UNESCO.

A visita a esta histórica cidade foi, em grande parte, feita a pé e dos locais visitados destaca-se o Monte Wavel com o Castelo real e a visita ao interior da Catedral onde foi bispo Carol Woitila, Papa João Paulo II, e ainda a parte de Cracóvia que foi cidade independente e habitada pelos judeus, chamada Kazimierz, em cuja praça foi rodado grande parte do filme "A lista de Schindler". Entretanto, como excursão facultativa, foi-nos dada a possibilidade de visitar as Minas de Sal de Wieliczka, também Património da Humanidade, e a expectativa que tinha sobre esta visita também não saíu gorada.

Tentara informar-me o mais possível sobre o que iria ver, mas a imaginação não foi assim tão fértil para chegar à maravilha que me foi dado observar - uma autêntica cidade subterrânea feita de sal, o chamado sal-gema, com as suas casas, escolas, campos para a prática de desporto, basílica, inúmeras estátuas de santos esculpidas no sal e maravilhosos lagos. Existem ainda sanatórios, restaurantes e capelas em que se realizam cerimónias e concertos.

Fiquei a saber que as minas têm uns 5.000 anos, tem 9 níveis e o último está situado a 327 m de profundidade, que o grupo visitou, sendo a longitude total das galerias de 250 km, embora o percurso turístico que nos é oferecido representem apenas 3% de todas as escavações. Dizer ainda que o labirinto de sal de Wieliczka já era famoso na Europa medieval.

O vídeo do YouTube, bem como as fotos a seguir, permitem dar uma ideia de como era imperdível esta excursão.

Para o serão deste dia foi-nos ainda proposto um jantar num restaurante judeu, que nos faria voltar a Kazimierz. O jantar teria a companhia de música típica, a chamada música kezmer, sendo aceite praticamente por todo o grupo. Se a experiência da gastronomia judaica já nos permitiria dizer que valeu a pena, então a música interpretada pelo trio Di Galitzyaner Klesmorim, composto por acordeão, violoncelo e clarinete, este tocado por uma mulher, foi de sonho, apesar de praticamente toda ela estar carregada de um sentimento que bem se percebe ter a ver com o sofrimento do povo judeu (oiça 4 dessas musicas, clicando aqui).

Auschwitz e Santuário de Czestochowa

O dia seguinte iria proporcionar-nos a oportunidade para visitar o Campo de Concentração de Auschwitz, expoente máximo da ignominia humana, onde milhões de seres humanos foram exterminados de uma forma minuciosamente programada.

Se bem que fizesse parte do meu imaginário a possibilidade de vir a este local, pelo quanto me interesso pela história da 2ª. Guerra Mundial, estava longe de supor que aquele ambiente, e mais ainda o espólio dos que ali foram exterminados, tinha sobre mim um efeito tal, que o peito se aperta e a própria respiração se faz com dificuldade. Mal se acredita que num programa tão tenebroso como foi o da Solução Final, nenhuma consciência se tivesse transformado na areia que emperrasse tal engrenagem de morte, evitando que elas se consumassem em número tão assombroso.

E revoltante é a ironia do letreiro que encima a entrada do campo, onde se lê "Arbeit Macht Frei", que significa "O Trabalho Liberta".

Deixamos para trás aquele local de morte, mas ainda assim não deixei de formular o desejo de que todos deviam ter a possibilidade de visitar Auschwitz ... para que o mundo nunca esqueça o que ali se passou.

E a seguir veio a visita ao Santuário de Czestochowa, o maior centro de peregrinações neste país profundamente católico, para admirarmos o Mosteiro de Jasna Gorá, um dos mais famosos santuários Marianos da Europa, que encerra o ícone de Nossa Senhora, conhecida como Virgem Negra e venerada como "Rainha da Polónia", que viria a tornar-se o símbolo do país.

Dele já tive a oportunidade de escrever, referindo-me a uma colecção de painéis existentes numa galeria mais recatada do Mosteiro, da autoria do pintor polaco Jerzy Duda Gracz, com o nome de Golgota Jasnogórska, que nos proporciona uma "visão" das estações da Via-Sacra bem diferente daquela que habitualmente nos é dado observar. Pode ver, CLICANDO AQUI.

Varsóvia, por fim !

Foi uma cidade imponente, com uma intensa vida cosmopolita, antes de ser destruída pelos bombardeamentos durante a 2ª. Guerra Mundial. Reerguida dos escombros, tem vindo ao longo dos anos a adquirir a imponência de outrora e a sua importância como cidade europeia. Espraia-se ao longo do rio Vistula.

Nela viveu Chopin até se ter refugiado em Paris devido à guerra, onde morreu, mas deixando como desejo final que o seu coração voltasse a Varsóvia, onde se encontra num sarcófago, que tivémos a oportunidade de admirar na Igreja de Santa Cruz, em que foi colocado.

O passeio a pé que nos foi proporcionado levou-nos a visitar a Praça da Cidade Velha, totalmente reconstruída após a guerra e incluída na lista do Património mundial da UNESCO, a gótica Catedral de S. João, o local do Gueto Judeu com o Memorial às vítimas do nazismo, a Praça Umschlag e a famosa Rua Mila, centro de toda a resistência no gueto, incluindo o bunker em que um grupo se suicidou, fazendo-se destruir assim como à tropa nazi que o atacou. Mas outros locais foram visitados.
Depois de visitar a cidade e os locais que citei, pude identificar no filme "O pianista" esses mesmos locais com uma total "destruição", o que se consegue através de painéis cobrindo os edifícios, em que é pintada essa "destruição", mas de onde sobressai uma enorme estátua na avenida que vai da zona de Barbakan e que identifica perfeitamente o local.

E de entre esses outros lugares visitados, houve o Parque Lazienki com os seus belos jardins, onde existe um monumento dedicado a Chopin, com características muito peculiares e junto ao qual foi tirada a fotografia de grupo, com o nosso guia Valter.

Para a noite da despedida houve jantar típico com dança e música polacas.

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