domingo, 10 de agosto de 2008

1997 - Holanda uma vez mais

É a convite dos amigos Gerard e Coba van Dijken, que me haviam alojado em sua casa em 1995 a quando da deslocação do Rancho Folclórico Cova da Beira à Holanda, que acontece esta segunda viagem ao país das tulipas.
O pretexto foi a comemoração dos 25 anos do seu casamento.
O casal holandês tinha estado em nossa casa em 1996, onde voltaria em 1998, deixando então este convite para ir de novo à Holanda, mas desta vez acompanhado da minha Nelita.
Voámos até Amsterdam, via Barcelona, e no aeroporto Sciphol lá estavam os nossos amigos à espera, para nos levar até Middelstum bem perto de Groningen, no norte da Holanda.
Ao mesmo tempo que nós, estiveram em casa dos nossos amigos o casalinho polaco Krzysztof e Lidia, que faziam parte do grupo folclórico da Polónia, no ano de 1995.
Repetiam agora, também, a visita à Holanda.
Um dos primeiros locais que visitámos foi o espaço onde viria a realizar-se a festa das bodas de prata, um restaurante de características rústicas junto ao Palacete “Fraeylenborg tot Slochter”, em Slocthteren, que também visitámos em pormenor dias mais tarde.
Ser-nos-ia então contada a história e mostrado todo o espólio desse antigo edifício.
É conhecido entre nós o ditado popular “Deus criou o mundo e os holandeses a Holanda”, e a razão de ser deste ditado pude observá-la na visita ao “Afsluitdijk” (dique de fecho) com 32 Km de comprimento, portanto um dique gigante, que liga Noord-Holland com a província da Frísia, fechando o rio IJsselmeer e separando-o do Mar de Wadden.
O primeiro troço começou a ser construído em 1920, sendo o troço principal iniciado em 1927. A inauguração foi em 1933 e ao longo da sua construção muitos trabalhadores foram vítimas de acidentes fatais, entre eles alguns portugueses, como se refere num monumento existente a meio do dique, sobre o qual também foi construída a auto-estrada A7.
Existindo canais em toda a Holanda, no Inverno é normal ficarem gelados.
Aproveitando essa circunstância e sempre que a dureza do gelo o permite, na província da Frísia realiza-se uma prova de patinagem através desses canais gelados, que dá a volta à província e termina na cidade de Dokkum, que tivemos a oportunidade de visitar.
É uma prova em que velhos e novos participam ao longo de um dia, encerrando naquela cidade ao último batimento das 24 horas, no sino da Igreja.
Demore-se o tempo que demorar, a grande proeza é chegar antes da última badalada.
Tive oportunidade de ver imagens dos pequenos dramas e a grande frustração de gente que, por alguns segundos, não alcança a meta antes do último batimento do sino. Ficam inconsoláveis.
Diversos foram os passeios que nos proporcionaram e um deles incluiu, entre outros locais muito interessantes, a visita à fortaleza militar de Bourtange, com vários fossos inundáveis à sua volta, de que se mostra uma imagem.
Não sendo um país de grandes e antigos monumentos, a Holanda sabe preservar os que tem, e este é dos bons exemplos.
Num dos dias fui levado a um passeio de barco de grande envergadura, em águas situadas entre o norte da Holanda e a Alemanha, vindo a constatar que toda aquela gente vai ali para se abastecer de bebidas, chocolates, guloseimas, aparelhos de todo o tipo e as mais variadas coisas, porque é feito em zona franca e por isso não pagam impostos. Acaba por ser uma viagem que dura três ou quatro horas e se repete sempre que precisam abastecer-se das coisas que lá se vendem.
A vida social dos holandeses é bastante intensa e raro terá sido o dia em que não houve uma recepção em casa de amigos ou estes em casa do casal onde nos encontrávamos.
Fomos, por isso, apresentados a outras pessoas e daí tomado conhecimento com o casal Dick e Marta, que tomava conta de um dos típicos moinhos holandeses, tendo-nos proporcionado num dos dias a visita ao seu interior e fazendo-o funcionar para nós, inclusivamente.
Até alguns grãos de semente foram moídos, obtendo-se a correspondente farinha.
Experiência maravilhosa, porque nos permitiu conhecer um mecanismo que mais parece o de um relógio gigante, só que esta engrenagem é quase toda feita em madeira. Apenas o grande eixo a que está ligada a hélice e suas pás é que é de ferro.
Começámos por ver lançar os panos sobre a estrutura de cada uma das pás das hélices, estas feitas apenas de ripas cruzadas que lhe dão o ar de uma das nossas escadas de madeira com que se sobe às oliveiras, criando então uma larga faixa em pano onde o vento exerce pressão e faz movimentar o engenho.
Os tais panos, feitos de pele, encontram-se enrolados e presos às respectivas pás e dada a sua grande dimensão exige uma grande perícia para os desenrolar e prender em ganchos ao longo de toda ela, o que se faz balanceando a corda em que estão presos.
Foi-me dado fazer a experiência mas só depois de algumas tentativas consegui imitar com êxito o lançamento da corda em que está enrolado o pano e a sua prisão nos respectivos ganchos.
A festa das bodas de prata foi a principal razão desta nossa ida à Holanda e foi uma festa linda em ambiente muito agradável, com um vasto número de convidados.
Actuou um grupo de danças tradicionais, chamado “De Grunneger daansers” que encantou a assistência.
Tratando-se das bodas de prata, levámos daqui uma salva de prata, onde mandei gravar:
Gerard e Coba
Anos: 25
Meses: 300
Semanas: 1.300
Dias: 9.131
Horas: 219.144
Minutos: 13.148.640
Segundos: 788.918.400
Total: AMOR
Constatei que não é usual a oferta de objectos em prata, sendo mais vulgar toda a gente oferecer dinheiro, o que fazem em envelopes ou mesmo encaixilhado em quadros de fundo artisticamente decorado com pratas coloridas.
Antes de regressarmos a Portugal tinha regressado já à Polónia o casal Crzysztof e Lidia.
Esta nossa viagem foi baseada na amizade mas permitiu também fazer turismo, conhecer novas gentes e novos mundos, seguindo uma filosofia de vida de que as oportunidades nunca devem ser desperdiçadas.

De novo na Holanda em 2006
Neste ano voltei à Holanda para visitar uma feira de turismo em Amsterdam e deixar material publicitário do Parque de Campismo da Fundatur.
A viagem tinha sido programada para um voo de Valladolid a Bruxelas e dali até Amsterdam em automóvel.
Aconteceu, porém, que em Valladolid o avião foi impedido de aterrar e levantar voo, devido às condições atmosféricas, optando eu e os meus companheiros por seguir de automóvel até Amsterdam.
Apesar da escassez do tempo, tivemos oportunidade de conhecer uma grandiosa feira de turismo, onde eram promovidos os mais variados pontos do mundo, e ainda fazer uma visita ao “Red Light District” (zona de meretrício).
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