segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro... não chega... !

É verdade que se diz que "fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro" é a forma de uma pessoa alcançar a sua realização pessoal.
Mas não é verdade. De todo.
Até porque sobram interrogações.
- Fazer um filho é fácil... mas criá-lo ?
- Plantar uma árvore é fácil... mas quem a rega quando necessário ?
- Escrever um livro é fácil... mas quem se interessa pela sua leitura ?
Por isso eu digo em título que a concretização destes três pressupostos não chega.
Mas aqui acrescento que a nossa realização pessoal também pode passar por aí.
No meu caso, com os dois filhos que tenho, eu sinto-me plenamente realizado.
Pelo contributo que dei ao ambiente, plantando ou ajudando a plantar árvores, enquanto nascido e a viver no Chão de Alverca, junto à ribeira com o mesmo nome, também me sinto realizado.
Quanto ao terceiro pressuposto, também tenho razões de sobra para me sentir realizado.
Não por ter escrito um livro, até porque já cheguei ao nono, todos escritos e editados pelo método da auto-publicação, mas sim pela aceitação e pelo sinal positivo das reacções aos episódios neles relatados, por parte das pessoas que os leram.
O primeiro foi um dos comentários deixados sobre este livro, que relata as minhas experiências na quinta em que nasci e vivi até à idade de 17 anos.
Comentário feito por um leitor a viver no Brasil.
Já sobre o livro que publiquei a seguir, fui surpreendido por um episódio de todo inimaginável, quando decidi relatar a minha estadia em Angola, face à mobilização para a guerra colonial. 


Foi quando recebi de um cidadão francês, de nome René Pélissier, o pedido para lhe enviar um exemplar deste livro e se estava interessado em que dele fizesse uma resenha para ser publicada na revista "Africana Studia", editada pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, e na revista francesa "Tiers Monde" (Paris).
Hesitei em o fazer, mas acabei por responder afirmativamente e enviei-lhe o exemplar que me pedia.
A seguir procurei saber quem era esta pessoa, descobrindo então uma sua entrevista no "Expresso", que me revelava estar perante "um dos maiores historiadores estrangeiros da moderna colonização portuguesa. Estudou a conquista militar de Angola, Moçambique, Guiné e Timor. A viver perto de Paris, tem uma biblioteca de 12 mil volumes e gostaria de escrever uma bibliografia crítica de tudo quanto foi publicado".
Pensei para comigo que, por meu intermédio, ficou a ter 12.001 livros na sua biblioteca e que o assunto morria aí.
Mas não, porque já no ano seguinte, recebo a página 195 da revista "Africana Studia" com a referida resenha, que também me surpreendeu, face ao aspecto que nela tratou.
Mas este livro e o que escrevi mais tarde, sobre as recordações da vida militar enquanto recruta e a seguir no curso de sargentos milicianos, também havia de envolver um episódio curioso. 


Foi quando recebi um telefonema de uma senhora, tratando-me por "meu querido combatente", "meu caro doutor", "como está vossa excelência?" e ... não sei que mais, que me levou a confundi-la com uma amiga sempre muito bem disposta e brincalhona. Isto em 2013.
Ripostei também de forma humorada e brincalhona sobre a forma como estava a dirigir-se a mim, até que me apercebo das suas hesitações e pergunto:- afinal com quem estou a falar ?
Sou então informado de que era a bibliotecária da Liga dos Combatentes, que vinha solicitar-me a oferta destes dois livros para a biblioteca da Liga, por os considerar muito interessantes.
Enviei então os livros, mas este gesto acabou por ser também muito gratificante para mim, ao receber uma simpática carta de agradecimento do General Joaquim Chito Rodrigues, Presidente da Direcção Central da Liga.
E são episódios como este que me fazem sentir realizado, bem mais do que o facto de ter escrito este ou aquele livro.
Mas há ainda um outro aspecto que acho relevante quanto ao que deixo escrito em livro, que é a sua natureza informativa para os eventuais leitores.
Isto refere-se aos livros onde deixo relatadas as viagens que tenho feito, sendo depois contactado por pessoas que me solicitam ajuda para a sua escolha desta ou daquela excursão opcional, das muitas que são oferecidas em cruzeiros ou circuitos que eu já fiz e que essas pessoas também querem fazer.


Ser útil acaba por ser também um contributo para a realização pessoal, através do que fica registado no livro.
Não foram aqui referidos todos os livros, um dos quais está já há cerca de três meses disponível na editora, mas que vai ser apresentado por estes dias no Fundão.
Mas ainda no que à realização pessoal diz respeito, é sentir que vale a pena ter como passatempo a publicação de livros por este método da auto-publicação, que deriva também do facto de ser capaz de manusear as ferramentas informáticais e digitais que permitem a "fabricação total" de um livro pelas nossas próprias mãos, após o que fica disponível na editora para ser adquirido no formato tradicional em papel.
E para finalizar, dizer que este "vale a pena" tem muito a ver com o reconhecimento que esta mensagem me deu a conhecer, sobre o que tenho vindo a deixar escrito.
Vem lá de longe, mas deixa-me gratificado sobremaneira.
E dispensa quaisquer outras palavras.


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