domingo, 21 de setembro de 2008

Pequena viagem, grande alimento do corpo e do espírito

Relatar as grandes viagens tem sido o objectivo. Mas as pequenas viagens também aqui têm cabimento, como a deste fim de semana.
Esta teve dois objectivos imediatos:- confraternizar com antigos companheiros do serviço militar, em Angola, e em simultâneo fazer as honras a um leitão da bairrada, que o companheiro Estima tão bem sabe temperar e assar no seu forno privado.
Mas o espírito também foi bem alimentado, pois aproveitou-se a oportunidade para ir ver o musical "Um violino no telhado", de Filipe La Féria, em cena no Teatro Rivoli, do Porto. E foi maravilhoso.
Mas o jantar também teve características muito especiais. Na compra dos bilhetes para o teatro foi-nos proposto o jantar completo no restaurante do próprio edifício do Teatro Rivoli e as tais características especiais foram a música ambiente tocada por pianista que também cantava e as velas na mesa. O preço então ainda foi melhor: tudo por 25 € para duas pessoas.
Para o fim de semana terminar em beleza, o almoço a seguir foi uma cataplana de tamboril, camarão e ameijoas, comida na Nazaré, olhando o mar. Simplesmente delicioso.
Que melhor alimento precisam o corpo e o espírito ?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

2004 - TENERIFE E O TEIDE


Esta foi uma viagem sob o signo das Manuela's.

E isto porque a viagem foi programada entre três casais, cujas esposas tinham nome de Manuela.

Mas para as distinguir no tratamento individual, tínhamos:- a Nelita do Álvaro, a Nelinha do José e a Manuela do Joaquim.
A viagem começou no Porto, em avião que nos levou até ao aeroporto Reina Sofia (Tenerife-Sul), de onde nos levaram para o "Gran Hotel Punta del Rey", em Las Caletillas.

Boas instalações, animação constante e piscinas, tanto de água doce como de água salgada, estas últimas situadas nas escarpas de rocha vulcânica sobre o mar, fronteiriças ao hotel, no outro lado da rua.

Nesta, como em todas as viagens que fazemos, procuramos juntar o útil ao agradável, ou seja, usufruir da estadia e visitar o que nos é oferecido de interessante sob o ponto de vista turístico, de modo a conhecermos novos mundos e novas culturas.

Sendo o grupo constituído por seis pessoas, deu para alugar uma carrinha familiar e partir à descoberta da ilha, orientando-nos pelo roteiro turístico colocado à nossa disposição.

A primeira saída foi para norte, passando por Santa Cruz, com visita à Playa de las Teresitas, onde a areia é branca por ter sido trazida do deserto, enquanto nas outras praias é escura por ser de origem vulcânica, como acontece em toda a ilha.

Aí pudemos apreciar as esculturas feitas na areia e dar um mergulho nas suas águas cálidas.

Seguindo o périplo por estradas de montanha, chegamos a Puerto de la Cruz onde o tempo de paragem deu para conhecer a cidade, dotada de muitas atracções turísticas e onde os petiscos são de recomendar.

Curiosamente, fomos instalar-nos numa esplanada de café cujo dono era de origem portuguesa, o que nos beneficiou com algumas sugestões gastronómicas muito apreciadas e ainda melhor saboreadas.

Regressados ao hotel, uma vez mais podíamos contar com um serão bastante preenchido, fosse com folclore, baile ou as mais variadas animações, o que aconteceu em todas as noites da nossa estadia.

A saída seguinte foi para visitar a zona sul, onde a Praia das Américas é atracção turística, e daí partimos à descoberta do Teide.

Com 3.718 m. de altura e aproximadamente 7.000 m. a partir do leito oceânico, é o pico mais alto de Espanha, sendo por isso um dos objectivos a visitar por quem faz férias em Tenerife.

A caminhada para o Teide (a subir, como é evidente), leva-nos a uma paragem e a um Pic Nic a meio caminho, num pinhal onde existem os equipamentos necessários para isso.

Continuando a subida, a paisagem que à distância nos é oferecida pelo Teide começa por ser atractiva e harmoniosa mas de repente estamos perante gigantes de formas irregulares, geradas por forças da natureza que estão acima da nossa compreensão.

Entretanto chegamos à base do teleférico, cuja cota de partida se situa a 2.356 m. e a cota de chegada a 3.555 m., a um ponto chamado La Rambleta.

Nem todas as pessoas do grupo fizeram a subida, devido às perturbações causadas pelas alturas, mas ao fazê-lo pude disfrutar de um panorama maravilhoso, se bem que àquela altura já se sintam os efeitos de alguma falta de oxigénio.

A visita seguinte foi ao Parque de Las Aguilas.

É um parque dotado de um elevado número de espécies, com um espectáculo de aves canoras e de rapina que nos proporcionou momentos muito agradáveis, ao ponto de ter servido de ajudante aos seus domadores, que nos presentearam com um lindo e colorido show.

Tal como aconteceu noutros dias, as animações da noite no hotel tiveram a participação de muitos dos que ali passavam férias.
Como aconteceu comigo.

Numa das animações, foram colocadas em disputa por pontos que conferiam direito a prémios, duas participantes que se submeteram a provas de dança, algumas das quais dos seus locais de origem, cantigas, pantominas, mímicas, anedotas e, finalmente, proceder à recolha de calças de homens que estivessem na assistência.

A que tivesse maior número de calças seria a vencedora.

Fui abordado por uma das concorrentes e disponibilizei as minhas, ficando em cuecas.

Aqui lembrei-me da anedota das que foram convidadas para um Pic Nic, quando uma delas, sem saber o que aquilo era, disse: "À cautela vamos lavadinhas por baixo"...!

Eu também ia lavadinho e as cuecas até eram novinhas em folha.

Findo o jogo esperava a sua devolução, mas o que aconteceu foi dizerem a todos os que, como eu, colaboraram na brincadeira, que teríamos de ir ao palco buscar as calças.

E fomos, até porque os animadores já se encontravam despojados dessa peça de roupa.

Em “bicha de pirilau”, ao som de música e aplausos do público, assim terminou mais um serão bem animado.

Outras animações aconteceram nos dias que durou a nossa estadia em Las Caletillas, que foi aproveitada o melhor que podia ser, para que no final se pudesse dizer que o destino turístico para as férias deste ano fora bem escolhido.

Tal como já tinha acontecido com outros, aqui relatados.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

2008 - Canadá - Em louvor da amizade

Descrever esta viagem é algo que faço com mais prazer do que já fiz em relação a qualquer outra viagem, porquanto se assume como hino a um valor que prezo por demais - a amizade.

Outras viagens que aconteceram antes desta, continuarão a ser relatadas mais tarde.

Tal como já referi em mensagem anterior, temos como amigos a Tina e o Pedro, que vivem em Mississauga-Toronto, no Canadá, que conhecemos em viagem pela Europa.

Para além da amizade, ofereceram-nos a sua hospitalidade e a disponibilidade para nos darem a conhecer os mais variados lugares de interesse, que nos surpreenderam muitíssimo, face ao que imaginávamos do Canadá.

A somar a tudo isto, a dádiva de Deus quanto ao estado do tempo, que foi de autêntico Verão enquanto ali estivemos. Logo de seguida veio a chuva, mas já não nos apanhou no Canadá.

Começou a 29 de Agosto a viagem para Toronto, obrigando-nos a levantar pelas 04,00 h. da manhã, para estarmos no aeroporto três horas antes da partida, marcada para as 08,30 h. e cerca das 11,00 h. locais já estávamos fora do aeroporto de Toronto, o que nos colocava perante um longo dia, visto que atrasámos 5 horas no relógio devido à diferença horária.
Embora com algum esforço para resistir ao sono, que um dia de 29 horas nos impunha, ainda fizemos uma visita ao Lago Ontário, nas proximidades de Mississauga.

O dia seguinte começou por nos trazer a surpresa de uma visita aos "Menonnitas" (nome vindo de Mennon Simon), no seu "Amish Country", em St. Jacobs, onde pudemos estar com a muito reservada gente "amish", que apenas conhecíamos dos filmes americanos.
Interessante foi ver como se aproveita uma área rural onde, a par do comércio desenvolvido pelos "Menonnitas" para os seus produtos agrícolas, se criou um polo de atracção turística que permite o desenvolvimento de todo o tipo de comércio, que vai das mais variadas atracções de feira, artesanato, até aos estabelecimentos mais requintados, onde não faltam artigos das marcas de grande prestígio.
A urbe St.Jacobs é de um traço comum a muitas outras povoações canadianas, de características rurais muito interessantes, surgindo alguns murais a "dizer-nos" onde estamos, o que acontece em muitos outros locais.

Dali seguimos por Elmira na direcção de Elora, onde nos detivemos para apreciar este local muito aprazível e florido, com uma unidade hoteleira muito interessante, junto a umas mini-cascatas. Antes de regressarmos a casa, a passagem por Fergus deu-nos oportunidade para apreciar uma escultura feita de um tronco de árvore abatida, à beira da estrada. Verdadeira obra de arte e uma lição sobre o modo de aproveitar uma árvore morta, para dar vida a uma escultura.
Em Toronto e de um modo geral por todos os locais visitados, a presença de indianos e chineses dá-nos bem a ideia de como é forte a imigração destas raças e de como dominam comércio e serviços locais.Para o demonstrar as imagens de uma Chinatown e o templo que da Índia veio, peça por peça, para ser implantado no Canadá. Uma verdadeira pérola de minucioso trabalho em mármore, cujo interior visitámos de pés descalços.

BAPS Shri Swaminarayan Mandir

De uma posição frontal a Toronto, do outro lado do Lago Ontário, tivémos oportunidade de apreciar um bonito entardecer, mas a visita a esta grande cidade havia de acontecer mais tarde, para nos surpreender pela sua grandeza.

Mas a visita mais ansiada ia surgir no dia seguinte, com a deslocação a Niagara Falls (Cataratas do Niagara).

Um dia bem escolhido por ser o 1 de Setembro, dia de aniversário da Nelita e dia em que nasceu o Brody, bisneto dos nossos amigos Tina e Pedro. Circunstâncias para tornar este dia de grande felicidade e não mais ser esquecido.

Um almoço de aniversário, comendo lasangna no "Mamma Mia"

Quanto a Niagara Falls, basta dizer que é uma das maravilhas do planeta e nada mais adequado do que o vídeo que carreguei do YouTube, que a seguir se mostra, para o demonstrar.

Niagara Falls

Arquivo fotográfico:

O dia seguinte foi o dia destinado a visitar a cidade de Toronto e ao princípio da noite assistir a um jogo de baseball na SkyDome.

Já foi dito atrás que Toronto nos surpreendeu pela sua grandeza e pelos arranha-céus que a baixa da cidade apresenta, não havendo melhor princípio de visita à cidade que a subida à CN Tower, nos seus 553,33 m de altura, que em 1975 era a torre mais alta do mundo. Hoje é suplantada pelo arranha-céus Burj Dubai.
O panorama que se disfruta do principal observatório a 346 m de altura é deslumbrante, reduzindo a miniaturas todos os arranha-céus que da sua base nos parecem verdadeiros gigantes.

Desafiando o nosso equilíbrio e a nossa coragem, quando sob os nossos pés se apresenta o vazio, temos uma panorâmica para as profundezas que nos faz um estranho frio no estômago e paraliza o andamento, ainda que sobre um vidro que sabemos inquebrável. Também do YouTube, um vídeo sobre esta visita.

A CN Tower em 8 minutos

Com o vazio sob os pés

Na visita à City Hall tivemos outra surpresa, a do espectáculo muito animado que os estudantes nos proporcionaram no primeiro dia de aulas, com música, colorido dos corpos pintados e banho geral no lago do jardim ali existente. Tudo a contribuir para uma visita que não mais será esquecida.

E para o dia terminar em beleza, assistimos à partida de baseball, espectáculo que por nos ser pouco familiar despertou grande curiosidade e interesse. Como já se disse, foi na SkyDome, implantada junto à CN Tower.

Com os nossos queridos anfitriões transformados em "guias turísticos" bem informados, as visitas só podiam ser de sucesso. E uma vez mais assim aconteceu, com a visita a Penetanguishene-Midland, que também tem o lago por perto. Aí almoçámos num restaurante com ares da Grécia e música ambiente de selecção criteriosa, tendo acertado plenamente na escolha da comida, para nossa delícia.

Após o almoço visitámos o Santuário dos Mártires Canadianos (Martyrs'Shrine), situado na que foi designada comunidade de Sainte-Marie junto da população dos Hurons, centralmente localizada em território Wendat, conjunto que foi residência permanente dos Jesuítas.O conjunto de construções que formavam essa comunidade foi reconstruído no seu lugar original e encontra-se hoje perfeitamente preservado em todos os seus aspectos, seja no tipo de edifícios, nas actividades quotidianas, na alimentação, oficinas e ofícios, no culto religioso, nas artes medicinais, etc. etc. etc. .A vinda a este lugar foi mais uma das coisas boas que nos aconteceram nesta visita ao Canadá.

Todos os dias de permanência junto dos nossos amigos nos foram trazendo surpresas, e o da visita a Niagara-on-the-Lake não foi menor que a dos outros.

Um lugar onde ocorreram eventos dramáticos da história e onde se estabeleceu o primeiro parlamento de Ontário.

Hoje é uma pacifica, harmoniosa e florida cidade, implantada numa vasta área agrícola e onde o vinho também tem lugar de destaque, com enormes extensões de vinhas.

Os estabelecimentos são de aspecto requintado e a cultura merece tratamento especial, sendo por nós constatada a existência de dois teatros, um dos quais com duas sessões nesse dia, num festival de teatro dedicado a Bernard Shaw, prémio Nobel da literatura, que na cidade tem uma estátua em sua memória.

Junto à cidade, nas margens do rio Niagara que a banham, o Fort George, hoje declarado monumento histórico do Canadá, que teve papel importante nas batalhas que ao longo da história envolveram ingleses, americanos e aborígenas.

Também como atracção turística em Niagara-on-the-Lake, o relógio de flores, que tivémos oportunidade de visitar.

Antes de nos despedirmos do Canadá ainda nos deslocámos novamente a Toronto, de comboio, fazendo um passeio junto ao lago na baixa da cidade. Entretanto, a chuva começava a ameaçar.

Uma enorme sandes, concebida com os ingredientes escolhidos a gosto de cada um, foi o nosso abundante almoço, a que se seguiu o café do popular "Tim Hortons", que faz parte do dia-a-dia de muita gente.

Ficámos a saber também que, na linguagem da tribo dos Hurons, que já referimos na visita a Sainte Marie, Toronto significa "lugar de encontro", acrescentando nós que Toronto significa ainda "lugar de encontro com a amizade".

Um dos lugares de encontro mais fantásticos que existem.

Antes de terminar, quero referir um pequeno episódio que julgo ter a ver com a paranóia da pedofilia, e de como é fácil incomodar-nos.

Acompanhámos a nossa amiga Tina a uma biblioteca pública e enquanto ela entregava um livro que dali levara, observávamos um recanto com desenhos dedicados a Elvis Presley, quando se abeirou de nós uma criança de 10 ou 11 anos, deslocando-se apoiada em duas muletas (canadianas).

Dirigiu-se a nós fazendo perguntas em inglês, que não percebemos bem, e no meu "inglês macarrónico" disse-lhe que não entendíamos, ao mesmo tempo que lhe fiz uma paternal (bi-paternal, pois sou avô) carícia na face.

Que fiz eu ? Dando um salto para trás, como se a tivesse queimado, num tom ameaçador disse-me em inglês, que bem percebi: "não toque na minha face !!!" Pedi desculpa, mas aprendi uma lição, que me causou algum desconforto, pelo muito que gosto de crianças, que para mim são o que de melhor há no mundo - tocar em crianças estranhas, nunca mais.

Falta apenas dizer que conhecemos toda a família e alguns amigos de Tina e Pedro (Armando/Emília e Carlos/Isabel). Tudo gente maravilhosa. Para além da foto de família, está já o Brody, nascido durante a nossa visita. Um encanto de bébé.
Tina e Pedro insistiram muito em nos dar a conhecer o seu país ... de adopção. Finalmente fomos conhecê-lo e de tudo o que vimos só podemos dizer que é fantástico.

E agora não vamos repetir o que já fizemos algumas vezes, mas vamos dizer à boa maneira beirã - BEM HAJAM Tina e Pedro.