quinta-feira, 29 de novembro de 2018

1987-O lado menos belo da história do poder autárquico no Fundão

Foi algo de muito belo o que aconteceu ao ser conquistado pelo povo português o direito à livre expressão, a eleições livres e através do sufrágio universal poder votar e ser votado para cargos públicos electivos.
No caso das autarquias locais estas vieram proporcionar a muitos cidadãos a possibilidade de exercer esse direito, sendo investidos no desempenho de cargos e com competências que apenas a democracia tornou possíveis.
Todavia, a avaliação crítica ao desempenho de tais cargos nem sempre passa de acusações dos opositores políticos ou mesmo companheiros de coligação desavindos, com retórica estéril e sem qualquer fundamento, que a existir poderia evitar situações como a que se verificaram na Câmara Municipal do Fundão no mandato que seria suposto ter a duração de 4 anos a iniciar em 1986, mas que vigorou apenas até 15 de Julho de 1987. Era o lado menos belo da história do poder autárquico no Fundão.
De facto, nessa data é emitido pelo Ministério do Planeamento e Administração do Território o seguinte documento:
Decreto do Governo n.º 26/87 de 15 de Julho
Tendo sido apurado, em inquérito, que se têm verificado na Câmara Municipal do Fundão graves ilegalidades no que respeita ao seu funcionamento interno e tomada de decisões;
Considerando que os factos apurados afectam gravemente a imagem do poder local e se reflectem de forma nociva nos interesses da autarquia e respectivas populações;
Considerando a situação de bloqueamento do funcionamento da Câmara Municipal do Fundão, resultante da radicalização das posições assumidas pelos seus membros;
Tendo em conta que os factos apurados se traduzem na violação, de uma forma grave, do disposto nos artigos 48.º, 70.º, n.os 1 e 2, 79.º, n.º 1, 80.º, n.º 1, e 86.º, n.º 1, do Decreto-Lei 100/84, de 29 de Março, e são, por isso, enquadráveis na alínea a) do n.º 1 do artigo 93.º da Lei 79/77, de 25 de Outubro;
Obtido parecer favorável da Assembleia Distrital de Castelo Branco:
O Governo decreta, ao abrigo do n.º 3 do artigo 93.º da
Lei 79/77, de 25 de Outubro, e nos termos da alínea d) do artigo 202.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º É dissolvida, com os fundamentos constantes do preâmbulo do diploma, a Câmara Municipal do Fundão.
Art. 2.º É nomeada para gerir a Câmara Municipal do Fundão, até à posse dos novos membros eleitos, uma comissão administrativa, composta pelos seguintes cidadãos eleitores:
  Presidente:
Dr. Luís Afonso Leitão

  Vogais:
Dr. José Sampaio Lopes

Joaquim Ferreira Ventura
Também fui dos que passou pela política de forma activa, fazendo parte dessa Câmara como vereador municipal.
Fi-lo com o espírito de quem está a prestar um serviço ao seu país ou, como foi o caso, à sua comunidade. Em espírito de missão.
Aliás, sempre aceitei e entendi que a política é uma actividade nobre, desde que desempenhada com objectivos de isenção, de entrega à causa pública e de defesa do que é de todos.
Mas a experiência não tardou a demonstrar-me que os bem-intencionados não sobrevivem por muito tempo no mundo da política quando se recusa, como sempre fiz, em subscrever a defesa de interesses particulares ou alinhar nos interesses de grupo que não propriamente os interesses do povo.
Quando em minoria ou isoladamente, como foi o meu caso, ou abdicamos da nossa consciência e do livre pensamento, ou perdemos o espaço de manobra, com qualquer iniciativa ou proposta a cair quase sempre em saco roto.
Mas foi nessa qualidade de vereador que vivi a experiência mais agitada mas ao mesmo tempo extraordinariamente enriquecedora, onde a minha posição minoritária se tornou o “fiel da balança”, que no momento próprio se inclinou para a decisão que achei moralmente aceitável e que viria a conduzir à já referida dissolução da primeira câmara no pós-25 de abril.
Tal câmara resultou das eleições autárquicas de 15-12-1985, que, depois de formada ficou com a seguinte composição:
PSD/CDS – 4 vereadores (PSD-2/CDS-2)
PS – 2 vereadores
PRD – 1 vereador
Tudo ocorreu no período de 1986 a 1987 com a maioria PSD/CDS a dominar a câmara, parecendo assim ter todas as condições para funcionar normalmente.
Mas o “casamento” PSD/CDS depressa começou a ser perturbado por “infidelidades” ocasionais, com elementos do CDS a juntar-se ao PS para formar maiorias de conveniência e assim contrariar os cálculos e as votações do PSD.
Como representante do PRD, a minha postura foi sempre a de evitar que me envolvessem nos acontecimentos e dessa forma prejudicar as deliberações que me eram possíveis e que pretendia fossem tomadas a bem dos munícipes e do concelho.
Mas a barafunda acabou por instalar-se.
Houve deliberações de uns tentando declarar perdas de mandato de outros, presidências assumidas por uns dizendo que os outros não tinham legitimidade, convocatória de sessões para deliberações declaradas ilegais pelos outros… até se chegar à intervenção da polícia, chamada por uns para expulsar os outros, etc. etc.
Chegados a esse ponto de indignidades e recusando eu pressões para que delas fizesse parte no sentido de viabilizar a maioria de um dos lados, achei que era tempo de me retirar dali.
Decidi renunciar e todos os da minha lista também assim fizeram, deixando de haver quórum que permitisse o funcionamento do executivo.
Consequentemente, a câmara veio a ser dissolvida nos termos do Decreto do Governo n.º 26/87 de 15 de Julho já referido.
Era a primeira do país a cair e para mim a grande lição do que não deve acontecer em política, levando-me a uma decisão que permitiu evitar o “vale-tudo” que parecia querer instalar-se.
Antes havia tido a experiência da freguesia, onde vim a ser secretário da junta e presidente da assembleia.
Mas foi enquanto secretário da junta que aconteceu o recenseamento eleitoral, participando eu na comissão que havia de o levar à prática.
E quando se colocava a questão sobre qual o nome para a primeira linha do caderno eleitoral número um, os companheiros sugeriram que deveria ser o meu.
Dessa forma obtive da política a minha única compensação, recebendo o “título” de eleitor nº.1.
Com a consciência do dever cumprido, não podia ter melhor compensação num mundo em que os encómios e louvaminhas se repetem e perpetuam no tempo.
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

As crianças são pessoas !

Vivi numa quinta até aos 17 anos.
Aprendi como estar em harmonia com a natureza. Sei bem o que é tratar de tudo aquilo que nos proporciona o alimento, porque era esse que nos entrava em casa para alimentar a nossa família. Bens que a natureza nos proporcionava e ainda proporciona.
Os meus pais ensinaram-me a tratar deles como as coisas mais preciosas.
Não se obtinham das prateleiras do supermercado… se não fossem bem tratados não estariam disponíveis para os consumirmos. Em criança, quando um pedaço de pão caía ao chão ensinaram-me a limpá-lo e dar-lhe um beijo antes de o consumir. Era a forma de o valorizar, não o desperdiçando, e por ele manifestar o meu respeito.
Tínhamos animais, uns que também nos proporcionavam os alimentos, como era o caso de vacas, porcos, galinhas, patos, coelhos, cabritos, carneiros e outros, para além de todo o tipo de frutícolas e hortícolas, etc. etc.. E ainda aqueles que nos serviam de guardas, tanto aos humanos como a outros animais. Os cães.
Tínhamos um chamado negrito que até era um precioso guarda dos pintainhos quando a ameaça vinha dos milhafres, mas também quando a ameaça vinha de raposas, de lobos ou de outros cães.
Mas estes nunca deixaram de ser animais, com alojamentos próprios para os animais. Seres distintos dos humanos.
Se fosse necessária a intervenção veterinária para repor qualquer anomalia com a saúde desses animais, ela era pedida. Porque respeitávamos os seus direitos. Mas não mais do que isso.
Tenho 74 anos e sempre gostei muito de animais tratando-os como merecem, ou seja, tratando-os bem.
Mas gostar e tratar bem os animais é uma coisa, gostar de crianças é outra. Não tem comparação.
As crianças dão-nos a garantia de que a humanidade irá continuar… se os humanos a não destruírem.
Os animais…não. E quando famintos por falta de quem lhes proporcione o alimento, seremos nós a estar à sua frente vistos como tal. Não tenham dúvidas… e não fiquem chocados.
Para já e a longo prazo não estaremos em perigo. Outros animais ocupam o nosso lugar e serão o seu alvo.
Mas a confusão está instalada.
Apesar de todo o meu respeito pelas suas opções sobre este tema, há humanos que lutam de forma quase animalesca pelos direitos dos animais… mas parece esquecerem os direitos de crianças que morrem de fome.
E que estas são pessoas.

sábado, 20 de outubro de 2018

Quando a história da “minha guerra” se cruza com a do maior historiador sobre guerras coloniais, com cinco livros sobre Portugal, René Pélissier

Apaixonado pela escrita, editei até agora 12 livros por auto publicação, dois deles relatando as minhas vivências no cumprimento do serviço militar, que culminou com uma comissão de serviço na antiga colónia portuguesa de Angola e na então Cidade Salazar, hoje N’Dalatando.
Um dos livros publicado em 2010 historiava a minha estada de mais de dois anos nessa cidade de N’Dalatando e foi titulado de “Pelotão de Apoio Directo 1245-no palco da guerra colonial-Angola”.


Um exemplar do livro havia de ser-me solicitado pelo historiador francês René Pélissier e perguntado se estaria interessado em que dele fosse feita uma resenha que seria publicada em revistas, uma portuguesa e outra francesa, para as quais escrevia como colaboração, para fazer uma bibliografia crítica sobre todas as publicações que se fizeram acerca de guerras coloniais, portuguesas e não só, a partir de 1840.
Consultei na net sobre esta personagem e descubro que é o maior historiador sobre o tema, residente em Paris com uma colecção de 12.000 volumes. Surpreendido com o pedido, hesitei em corresponder-lhe mas acabei por enviar-lhe o livro. Passados uns tempos enviou-me duas páginas de uma revista francesa onde na verdade fazia a resenha sobre o seu conteúdo.

A pesquisa leva-me também a uma entrevista sua ao jornal Expresso que me deixa perceber a grandeza dessa figura no mundo literário e da investigação sobre o tema das guerras coloniais, sendo um dos raros historiadores não lusófonos com a publicação de cinco livros sobre Portugal traduzidos em português.
Também publiquei em 2012 o livro "Memórias de um recruta" que relata parte da minha vida militar antes da que foi relatada no livro que citei atrás. Se nesse livro referi os momentos após mobilização para Angola e a estada nessa ex-colónia portuguesa, já neste livro “Memórias de um recruta” foram desenvolvidos aspectos da preparação e da especialização para as operações que iriam ser desempenhadas no teatro de guerra.
 
Mas a partilha das experiências através destes livros veio a ser para mim deveras gratificante, porquanto, permitiu não só o honroso “encontro” com René Pélissier, como a simpática solicitação do Presidente da Liga dos Combatentes para lhe ser enviado um exemplar de cada um dos livros. Ambas me tocaram profundamente.
Como deixei escrito no inicio, são 12 os livros que editei até agora por auto-publicação. Neles faço o relato de vivências pessoais ou de grupos e instituições a que dei a minha colaboração, acontecimentos e episódios, uns mais felizes e outros menos felizes, dramáticos ou terrivelmente traumáticos, como são os casos de um AVC que me aconteceu aos 59 anos ou o falecimento de um filho com 38 anos após 25 meses de sofrimento atroz, vítima de tumor cerebral. 
São histórias que compõem o todo da história global de que fazemos parte como figurantes, mas as quadras e a poesia também ali estão para dar harmonia e um tom mais luminoso aos estados de alma que proporcionaram a explanação das ideias que me levaram aos escritos.
Mas sendo o que emocionalmente mais difícil se tornou no desenvolvimento desse escrito, foi também o que maior força interior teve para o levar a bom termo, visto tratar-se de uma homenagem que pretendi prestar ao filho, mas também à família e aos amigos que sempre estiveram com ele até aos últimos momentos. O David, a família e os amigos mereciam-no.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

VIAJAR… porquê ? Ainda o Monte St. Michel

Visitei a catedral de Beauvais pela primeira vez há cerca de 50 anos. Depois aconteceram outras visitas, porque vivem familiares na cidade, mas em 1989 a visita ao relógio astronómico da Catedral Saint Pierre de Beauvais mereceu-me especial atenção, chegando a comprar um livro que conta a sua história. 

É composto por cerca de 90.000 peças mecânicas de aço e latão, 53 mostradores em esmalte, 63 dispositivos automáticos e campainhas de variados tons. Mas tem outras características tão especiais ligadas à astronomia ou a ela relativas que lhe concedem a categoria de astronómico. O conjunto é alimentado por um motor principal e 14 motores secundários e foi construído entre 1865 e 1868 pelo famoso relojoeiro de Beauvais  Auguste-Lucien Vérité.
Para além de um incrível conjunto de figuras que se movimentam representando o juízo final, a sua decoração é inspirada na Bíblia, a referência ao Monte St. Michel com a previsão das marés que ali acontecem, também me deixou curioso e desejoso de visitar este lugar monumental, o que aconteceu neste ano de 2018. Não fui verificar se ali acontecem as marés ou não, mas fiquei a saber que tem a ver com os ciclos lunares que o relógio descreve com precisão. Assim, juntei o útil ao agradável visitando a Normandia e os locais do desembarque das tropas aliadas na 2ª.Grande Guerra, para além de outros lugares de muito interesse.
Fica assim dada a resposta à interrogação que deixei no início do texto: viajar porquê ? Simplesmente porque as viagens sempre me ajudaram a acrescentar algum conhecimento pessoal. E com esta viagem que incluiu a visita ao Monte St. Michel também assim aconteceu.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Encantos da Normandia, Bretanha e Castelos do Loire


Já o deixei escrito em diversos momentos e circunstâncias:- gosto de viajar… conhecer mundo… conhecer outras gentes.
Sempre que o pude fazer… viajei. Mas faltava encerrar o ciclo de viagens em que fosse falado o tema 2ª.guerra mundial, só não o tendo encerrado antes por razões terrivelmente marcantes na vida da família.
Foi possível reunir agora melhores condições para  fazer o circuito que incluía a visita aos locais do desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, no famoso Dia D, tendo adquirido à Agência Abreu o seu programa de viagem entre 1 e 8 de Setembro.
Como aconteceu noutras viagens, foi apenas o casal a viajar e neste circuito foi integrado à chegada do voo a Paris num grupo de apenas 24 pessoas, onde também se incluíam 8 de nacionalidade brasileira. Depressa todos se conheciam, a boa disposição tomava conta do ambiente e no final estava cimentada a amizade entre todos sob o comando da guia Manuela.
O dia um – Após a chegada a Paris e alojamento no hotel Marriott Paris Rive Gauche, onde se jantou, seguiu-se a obrigatória visita nocturna à “Cidade-Luz” e cruzeiro no Sena. Paris à noite tem outro encantamento e a Torre Eiffel é disso testemunho.
O dia dois Após o pequeno almoço, foi iniciada a viagem a caminho da Normandia, a região que franceses e ingleses disputaram em longos períodos da sua história.
Houve paragem em Lisieux e visita à Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus, onde se destaca a decoração em mosaicos.
O dia três – Havíamos pernoitado no hotel Mercure Caen Centre Port de Plaisance e após o pequeno almoço fomos de visita às abadias, tanto dos homens como das mulheres, na primeira das quais se encontra o túmulo do Rei Guilherme e na segunda o túmulo da Rainha Matilde.
Ainda em Caen visitámos o Memorial também designado de Museu para a Paz. A primeira foto mostra-me reflectido no tecto espelhado e o momento da obtenção da imagem.
Após o almoço em Bayeux e seguindo ao longo da costa houve oportunidade de olhar as praias onde ocorreu o desembarque das tropas aliadas, sendo em Arromanches que são perfeitamente visíveis os restos das estruturas do porto artificial criado para o desembarque.
Para além dos restos das estruturas, também o drama ali vivido é simbolicamente assinalado com estátuas, cujas imagens aqui são inseridas.

 
Ainda em Arromanches foi possível a visita ao cemitério americano que reúne 9.836 lápides, existindo ainda o jardim dos desaparecidos.
O dia quatro – Com o pequeno almoço arrecadado ainda em Caen, partimos a caminho do Monte St. Michel para a visita à sua abadia, cuja concepção e construção é chamada de “a maravilha” e referenciada ao séc.VIII. Um problema físico dificultou a minha subida mas tinha de fazê-la e não impediu a visita à abadia construída em honra do Arcanjo São Miguel sobre o Mont-Tomb, na base do qual se desenvolveu uma aldeia que se tornou praça forte impenetrável durante a guerra dos Cem Anos. A zona em que se encontra situado no Mar da Mancha é uma zona de marés das mais altas do mundo.
Seguiu-se a visita a Saint Malo, uma cidade muralhada conhecida como a cidade dos Corsários.
O dia cinco – De Saint Malo fomos em direcção a Tréguier, visitando a Catedral de S.Tugdual, onde se encontra o túmulo de Santo Ivo padroeiro dos advogados e da Bretanha. Tréguier é uma comuna francesa na região administrativa da Bretanha.
No caminho para Quimper e passando em Morlaix, onde foi o almoço, houve também oportunidade de apreciar a costa de granito rosa.
Parecendo incongruente, Morlaix foi intensamente bombardeada pelas tropas aliadas durante a guerra, por aqui estarem instaladas unidades alemãs que procuravam defender este ponto estratégico da comunicação por ferrovia.

Como em muitas outras cidades francesas que tivemos oportunidade de visitar, as flores são um elemento decorativo para pontes e ruas que se tornam motivo de disputa em concursos entre habitantes. O alojamento foi no hotel Oceania Quimper.
O dia seis – Saindo de Quimper, visita a Concarneau construída dentro de uma fortaleza, e ainda a visita à maior concentração de megalíticos da Europa em Carnac e dali seguimos para Nantes, a antiga capital bretã. Jantar e alojamento no Novotel Nantes Centre.

Dia sete – Deixando para trás o hotel em Nantes onde foi servido o pequeno almoço, seguimos para Tours com passagem por Angers e continuando ao longo do Vale do Loire até Chenonceau, para uma visita ao que é conhecido como Castelo das Seis Mulheres. O dia terminou com a visita ao majestoso castelo de Amboise. No corpo exterior do castelo tem a capela de Saint-Hubert contendo o túmulo de Leonard da Vinci, que terminou a sua existência nesta cidade, onde viveu os seus últimos dias no solar de Clos Lucé concedido pelo rei Francisco I, para quem passou a trabalhar directamente. Aqui pudemos apreciar alguns dos seus inventos.
O dia oito – Era o último dia do circuito e o Novotel Amboise, bem longe do bulício da cidade, a permitir uma noite repousante para nos fazermos ao regresso. Tendo como visita principal a Catedral de Chartres, foi para mim uma agradável surpresa a visita panorâmica ao palácio de Chambord, o maior do Vale do Loire e que inicialmente foi mandado construir para pavilhão de caça. Há relatos que sugerem ter sido Leonardo da Vinci o autor do desenho original e que a silhueta do palácio procurava ser a de uma cidade ou até a da grandiosa Constantinopla.

Por fim a Catedral de Chartres, toda ela uma preciosidade mas cujos vitrais e mensagens que transmitem lhe dão o nome de “a Bíblia feita de Pedra”. Pessoalmente, teve um grande significado o labirinto existente na nave central que se diz dedicado à Mãe de Deus, tem onze anéis e representa um percurso de vida onde o número 11 simboliza as peripécias que o homem tem de ultrapassar ao longo da sua vida. Tal como o fio dum novelo, esse fio seguro em nossas mãos leva-nos ao Divino Filho da Virgem Maria e as 273 pedras de que é composto o caminho do labirinto significam o período da gestação durante os necessários nove meses ou 273 dias, chegando à última pedra - a maior - que representa a Porta do Paraíso. Permito-me referir aqui esta curiosidade:- em 2010 escrevi e publiquei o livro "Chão de Alverca - refúgio da memória", que relata 18 anos da minha vida e que ali começou em 1944, inserindo na sua capa o labirinto que achei poder representar um percurso de vida - o meu - que ali tinha o seu início. A imagem do labirinto, que na altura terei buscado e retirado de uma qualquer publicação que me esteve acessível, é aquela que agora ajudou ao encerramento do ciclo de viagens que tinha programado de há muito. Acaso ou simbolismo ?
Prestes a terminar este circuito organizado pela Agência Abreu, foi feita a foto de grupo, no qual se incluía a guia Manuela e o condutor do autocarro de nome Domingos, que tão bem nos conduziram durante os oito dias da viagem. As 24 pessoas que compunham o grupo de viajantes foram uns excelentes companheiros. Deixo aqui um abraço para todos.
 

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Acaso ou simbolismo ?

Já o deixei escrito em diversos momentos e circunstâncias:- gosto de viajar… conhecer mundo… conhecer outras gentes.
Sempre que o pude fazer… viajei. Mas faltava encerrar o ciclo de viagens em que fosse tratado o tema 2ª.guerra mundial, só não o tendo encerrado já por razões terrivelmente marcantes na vida da família.
Foi possível reunir agora melhores condições para  fazer o circuito que incluía a visita aos locais do desembarque nas praias da Normandia, no famoso Dia D, que hei-de relatar de forma mais alargada, como o tenho feito no relato de anteriores viagens.
Contudo, não pude deixar de partilhar agora um pormenor que dá razão ao título desta postagem - acaso ou simbolismo ?
Na verdade, tendo finalizado o circuito com a visita à Catedral de Chartres, havia de ser a explicação quanto ao significado do famoso labirinto que existe na nave central da Catedral, que nos foi proporcionada pela guia local, que me  levou a esse título. 
É chamado de labirinto dedicado à Mãe de Deus, tem onze anéis e representa um percurso de vida onde o número 11 simboliza as peripécias que o homem tem de ultrapassar ao longo da vida. Tal como o fio dum novelo, esse fio por nós seguro leva-nos ao Divino Filho da Virgem Maria e as 273 pedras de que é composto o caminho do labirinto significam o período da gestação durante os necessários nove meses ou 273 dias, chegando à última pedra - a maior - que representa a Porta do Paraíso.
Em 2010 escrevi e publiquei o livro "Chão de Alverca - refúgio da memória", que relata 18 anos da minha vida, que ali começou em 1944, inserindo na sua capa o labirinto que achei poder representar um percurso de vida - o meu - que ali tinha o seu início.
Por uma estranha coincidência a imagem desse mesmo labirinto, que na altura terei buscado e retirado de uma qualquer publicação que me esteve acessível, foi aquele que agora ajudou ao encerramento do ciclo de viagens que tinha programado.
Aqui o deixo descrito de forma incompleta e muito resumida, mas ainda assim faz-me questionar:- acaso ou simbolismo ?

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

AS BOAS PRÁTICAS...

Em 2014 visitei a Eslovénia, uma das ex-repúblicas da antiga Iugoslávia. Tive a oportunidade de conhecer a capital Ljubljana e constatar a organização e limpeza  da cidade, com evidentes sinais de preocupação ambiental, fazendo também uma breve visita ao bem abastecido mercado local.
Desde logo o que me chamou a atenção foi a apresentação de todos os produtos sobre as bancas e as lindas cerejas que na altura ali eram vendidas. Um outro pormenor foi o abastecimento de leite ser feito num pequeno pavilhão para onde era levado pelos produtores e depois distribuído através de uma máquina onde os consumidores utilizavam um frasco de vidro que já levavam consigo, sendo o seu pagamento efectuado através da introdução de moedas nessa máquina.
Deixou-me a pensar, porque este sistema alcançava desde logo três objectivos:
- a protecção da economia local e seus produtos;
- o ambiente, utilizando o vidro, que permite a sua reutilização;
- a economia da mão de obra, visto que o consumidor trata de si próprio no abastecimento.
Esperei que alguém se abastecesse para ficar com uma imagem e ela é perfeitamente esclarecedora.
Temos de aprender com as boas práticas dos outros.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Tudo o que veio a mais... foi lucro !

Em 2002 fui vítima de um AVC.
Relatei e publiquei em livro a terrível experiência, oferecendo-o à Associação Portuguesa de AVC, que o divulgou pelos estudantes que compõem os seus grupos de rastreio, o mesmo fazendo em relação à Associação do AVC. Ambas manifestaram a sua maior simpatia e incitamento pela divulgação da experiência, dada a grande utilidade de as pessoas estarem informadas e alertadas para a possibilidade dum tal acontecimento consigo próprias.
No livro deixei escrito:
“Naquela altura, com 58 anos, eu seria a pessoa improvável para ser vítima de um AVC.
Julgava eu.
E porquê ?
- Se não fumava desde os vinte e poucos anos…
- Se não tinha uma vida sedentária …
- Se não cometia excessos na alimentação …
- Se não cometia excessos nas bebidas …
- Se fazia caminhadas semanalmente, enquanto responsável pelo grupo Caminheiros da Gardunha …
- Se fazia uma vida bastante activa, derivada de uma acção constante junto de associações de natureza cultural, desportiva e de lazer …
… Eu não deveria temer por uma doença deste tipo.
Julgava eu.
Ou melhor, nem julgava.
Simplesmente, porque nem pensava nisso…”.
Mas o que aquela experiência provocou em mim foi uma enorme apreensão sobre o que ainda seria possível alcançar na vida, dada a minha idade daquele momento. Aos 58 anos os meus sonhos estavam quase intactos e um deles era o de ter a pretensão (?) de atingir a idade sénior, ou seja, os 65 anos. Mas também sonhava com viagens… conhecer o mundo.
Acabei por atingir a idade sénior e fui realizando quase todas as viagens que tinha projectado, cerca de 30.
Hoje tenho 74 anos e já passaram16 desde que me vi sujeito àquele trauma. Mas aquele ainda não havia de ser o único. Ter perdido o filho com 38 anos, após 25 meses de sofrimento, foi outro que deixou marcas que não mais se apagam.
Apesar de tudo isto, não amaldiçoo a minha sorte, não estou farto de viver, nem me zanguei com o deus em que acredito.
Ora a idade que tenho, já é uma bonita conta.
E se a minha ambição era atingir os 65 anos, então com 74 posso dizer que tudo o que veio a mais... foi lucro !