segunda-feira, 4 de março de 2013

Assim estejam os meus inimigos !

É uma expressão que utilizo muitas vezes.
Sei muito bem o que ela quer dizer e quais as circunstâncias mais adequadas para a exprimir.
É certo que o conceito de inimigo é muito amplo. É também verdade que, na minha perspectiva, o estatuto de inimigo só se adquire, em relação à nossa própria pessoa, quando deixamos que toque nos nossos sentimentos ou deixamos que atinja as nossas "propriedades", sejam elas de pequena monta ou de grande monta.
Quer isto dizer também que poderemos ter grandes coisas e nada valerem para nós, e termos pequenas coisas que representam tudo para nós.
Porém, quem nos faz mal ou faz mal aos que amamos, esses sim, adquirem facilmente o estatuto de inimigos.
E é aqui que pretendo chegar, situando-me perante aqueles de quem não gosto, porque adquiriram perante mim esse estatuto.
Mas pondo ainda de lado aquela máxima: "quem os inimigos poupa nas mãos lhe morre", que torna inviável  qualquer possibilidade de retorno a uma posição de eventual tolerância, ainda sou dos que pensam que o sermos fortes já enfraquece os que são colocados na condição de inimigos.
Por natureza sou tolerante para com os outros. Mas sirvo-me de outra máxima, quando entendo ser magnânimo para com os que tentam prejudicar-me ou atingir a minha dignidade: "consigo perdoar mas não consigo esquecer".
E isso permite posicionar-me da forma mais confortável, quando sinto que estou bem.
Melhor dito, quando "a fasquia se posiciona em cima".
A natureza tem formas de nos mostrar, afinal, que apreciações como estas se justificam, porque os rancores se esbatem, a própria condição de predador se esquece, ao sentir que se está saciado.
É o caso de um gato, para o qual até os ratos deixam de ter qualquer interesse, se a barriga se encontra cheia.
Ora, se um arroto se escapa, após uma satisfatória refeição, nunca esqueço de dizer "perdão".
Mas nalguns desses momentos prefiro substituir essa expressão por aquela que dá título a este texto.
- Assim estejam os meus inimigos !
Porque um inimigo bem saciado até esquece os seus rancores.