quinta-feira, 26 de julho de 2018

Tudo o que veio a mais... foi lucro !

Em 2002 fui vítima de um AVC.
Relatei e publiquei em livro a terrível experiência, oferecendo-o à Associação Portuguesa de AVC, que o divulgou pelos estudantes que compõem os seus grupos de rastreio, o mesmo fazendo em relação à Associação do AVC. Ambas manifestaram a sua maior simpatia e incitamento pela divulgação da experiência, dada a grande utilidade de as pessoas estarem informadas e alertadas para a possibilidade dum tal acontecimento consigo próprias.
No livro deixei escrito:
“Naquela altura, com 58 anos, eu seria a pessoa improvável para ser vítima de um AVC.
Julgava eu.
E porquê ?
- Se não fumava desde os vinte e poucos anos…
- Se não tinha uma vida sedentária …
- Se não cometia excessos na alimentação …
- Se não cometia excessos nas bebidas …
- Se fazia caminhadas semanalmente, enquanto responsável pelo grupo Caminheiros da Gardunha …
- Se fazia uma vida bastante activa, derivada de uma acção constante junto de associações de natureza cultural, desportiva e de lazer …
… Eu não deveria temer por uma doença deste tipo.
Julgava eu.
Ou melhor, nem julgava.
Simplesmente, porque nem pensava nisso…”.
Mas o que aquela experiência provocou em mim foi uma enorme apreensão sobre o que ainda seria possível alcançar na vida, dada a minha idade daquele momento. Aos 58 anos os meus sonhos estavam quase intactos e um deles era o de ter a pretensão (?) de atingir a idade sénior, ou seja, os 65 anos. Mas também sonhava com viagens… conhecer o mundo.
Acabei por atingir a idade sénior e fui realizando quase todas as viagens que tinha projectado, cerca de 30.
Hoje tenho 74 anos e já passaram16 desde que me vi sujeito àquele trauma. Mas aquele ainda não havia de ser o único. Ter perdido o filho com 38 anos, após 25 meses de sofrimento, foi outro que deixou marcas que não mais se apagam.
Apesar de tudo isto, não amaldiçoo a minha sorte, não estou farto de viver, nem me zanguei com o deus em que acredito.
Ora a idade que tenho, já é uma bonita conta.
E se a minha ambição era atingir os 65 anos, então com 74 posso dizer que tudo o que veio a mais... foi lucro !

sábado, 21 de julho de 2018

Civilização também significa limpeza

Em 2012 tive a oportunidade de visitar Liverpool, quase a finalizar um circuito feito por Inglaterra e Escócia.
O último dia era domingo e estava prestes a rumar ao aeroporto de Manchester e depois Lisboa, mas logo pela manhã ainda pude visitar a zona portuária de Liverpool. 
Enquanto por ali andei, a cena que me prendeu a atenção foi a de um funcionário a lavar com uma máquina de alta pressão os contentores de recolha do lixo. De seguida pulverizou com um produto, que suponho desinfectante.
Pensei:- sim, isto é de gente civilizada. Que se preocupa com a limpeza.
E também pensei:-  como eu desejava ver cenas destas lá pelas minhas bandas !

quinta-feira, 12 de julho de 2018

A sombra calçava sandálias !!!



Experimentei dar uma volta descalço para testar os meus pés num chão arenoso. Queria sentir aquela textura que já há muito não sentia.

Andei… andei… e de repente começo a ouvir passos que me seguiam. Eram passos bem perceptíveis e quando parei eles também pararam. Continuei a andar e eles fizeram o mesmo.

Eu estava descalço e não fazia qualquer barulho a caminhar, mas o que eu ouvia era um barulho de gente a caminhar calçada.

Parei de novo e olhei à minha volta – apenas a minha sombra.

Mas…  espanto dos espantos, a sombra vinha calçada. O mistério estava explicado: o barulho vinha dali.

E antes que a sombra sumisse peguei o telemóvel e zás… tirei uma foto.  
E nela ficou claro que afinal a sombra trazia calçadas as minhas sandálias.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O David e o Convento

Num momento em que o meu regozijo pela “ressurreição” do Convento de Santo António ou do Seixo é enorme, olho para um texto do David publicado no seu blog em 8 de março 2012, quando se preparava para ser um dos apresentadores do meu livro que trata da vida da Fundatur e do estado moribundo em que se encontrava o Convento.
Então o David manifestava a sua satisfação por participar no evento, hoje, já noutra dimensão, por certo apreciará o que foi feito para o salvar.
Aqui deixo o seu texto.
Alívio
Acho que é isso que sinto, alívio.
É. Sem dúvida. Alívio.
Este fim-de-semana vou finalmente ao Fundão. É a primeira vez que em 2012 lá ponho os cotos. Deve ser também uma das minhas mais longas apneias. E que difícil é. Acho que quando estou por lá até o suco gástrico me sabe bem (yaaac! que imagem...).
No fundo, no fundo, eu sou um emigrante no meu próprio país (agora que falo nisso também me ocorreu que poderia ser proxeneta).
Bom, voltando ao tema: estou satisfeito por lá ir acima. Aquele canto é meu, sinto-o como tal. Aqui em baixo vivo por empréstimo. A malta deixa-me cá viver, trata-me bem mas só cá estou para trabalhar. Lá em cima não. Lá eu consigo mudar as agulhas. E que bem que isso me sabe.
Associado a este facto, estou também satisfeito porque o Pai Álvaro vai apresentar um dos seus já cerca de vários livrinhos. Desta feita, a obra a apresentar é sobre o seu menino, o Parque de Campismo do Fundão (e um pouquinho também sobre o Convento de Santo António). Ele não queria grande alarido na coisa mas pelos vistos lá se foram proporcionando as condições para que assim não seja e aquilo promete estar compostinho. Consta até que vai ter, pelo menos um, apresentador de luxo.
Imagino que lhe tenha sabido muito bem, transpor para texto as memórias de 25 anos de carolice. Aprecio isso e imagino que tenha sorrido muitas vezes sozinho enquanto passava revista à cabeça e se reencontrava com as peripécias e com aqueles amuos que não resistem ao tempo.
Penso entender bem este gozo em torno da carolice. Pudera, na verdade é isso que sou, um carola. Não fora o gosto pela coisa e jamais trabalharia no que trabalho.
Tenho já em forma de ideia algumas sensações que a leitura do livro me trouxe. Mas se me permitem, vou guardá-las para a apresentação.
Fica a musiqueta do dia, e votos de bom fim-de-semana. O meu vai ser! Vou renovar o ar dos pulmões!
O Convento foi transformado numa unidade hoteleira de 5 estrelas, "Convento do Seixo Boutique Hotel & Spa", para o qual se deseja todo o sucesso, pois tendo sido a forma de o salvar da ruína, outra coisa não se pode desejar-lhe.
É unânime a opinião de que a preservação do monumento foi conseguida nos seus aspectos fundamentais  e que o conceito de que "o ótimo é inimigo do bom" não foi trazido para aqui. Na parte que me foi dado ver, o resultado é ótimo e foi bem mais longe do que aquele que chegou a ser manifestado por alguns, apenas pela preservação dos escombros do edifício para que ali pudessem ser realizados concertos e outros eventos em segurança.
Manifestar-lhe a minha gratidão é um dever, que julgo ser também o dos fundanenses. BEM HAJAM.