sábado, 20 de outubro de 2018

Quando a história da “minha guerra” se cruza com a do maior historiador sobre guerras coloniais, com cinco livros sobre Portugal, René Pélissier

Apaixonado pela escrita, editei até agora 12 livros por auto publicação, dois deles relatando as minhas vivências no cumprimento do serviço militar, que culminou com uma comissão de serviço na antiga colónia portuguesa de Angola e na então Cidade Salazar, hoje N’Dalatando.
Um dos livros publicado em 2010 historiava a minha estada de mais de dois anos nessa cidade de N’Dalatando e foi titulado de “Pelotão de Apoio Directo 1245-no palco da guerra colonial-Angola”.


Um exemplar do livro havia de ser-me solicitado pelo historiador francês René Pélissier e perguntado se estaria interessado em que dele fosse feita uma resenha que seria publicada em revistas, uma portuguesa e outra francesa, para as quais escrevia como colaboração, para fazer uma bibliografia crítica sobre todas as publicações que se fizeram acerca de guerras coloniais, portuguesas e não só, a partir de 1840.
Consultei na net sobre esta personagem e descubro que é o maior historiador sobre o tema, residente em Paris com uma colecção de 12.000 volumes. Surpreendido com o pedido, hesitei em corresponder-lhe mas acabei por enviar-lhe o livro. Passados uns tempos enviou-me duas páginas de uma revista francesa onde na verdade fazia a resenha sobre o seu conteúdo.

A pesquisa leva-me também a uma entrevista sua ao jornal Expresso que me deixa perceber a grandeza dessa figura no mundo literário e da investigação sobre o tema das guerras coloniais, sendo um dos raros historiadores não lusófonos com a publicação de cinco livros sobre Portugal traduzidos em português.
Também publiquei em 2012 o livro "Memórias de um recruta" que relata parte da minha vida militar antes da que foi relatada no livro que citei atrás. Se nesse livro referi os momentos após mobilização para Angola e a estada nessa ex-colónia portuguesa, já neste livro “Memórias de um recruta” foram desenvolvidos aspectos da preparação e da especialização para as operações que iriam ser desempenhadas no teatro de guerra.
 
Mas a partilha das experiências através destes livros veio a ser para mim deveras gratificante, porquanto, permitiu não só o honroso “encontro” com René Pélissier, como a simpática solicitação do Presidente da Liga dos Combatentes para lhe ser enviado um exemplar de cada um dos livros. Ambas me tocaram profundamente.
Como deixei escrito no inicio, são 12 os livros que editei até agora por auto-publicação. Neles faço o relato de vivências pessoais ou de grupos e instituições a que dei a minha colaboração, acontecimentos e episódios, uns mais felizes e outros menos felizes, dramáticos ou terrivelmente traumáticos, como são os casos de um AVC que me aconteceu aos 59 anos ou o falecimento de um filho com 38 anos após 25 meses de sofrimento atroz, vítima de tumor cerebral. 
São histórias que compõem o todo da história global de que fazemos parte como figurantes, mas as quadras e a poesia também ali estão para dar harmonia e um tom mais luminoso aos estados de alma que proporcionaram a explanação das ideias que me levaram aos escritos.
Mas sendo o que emocionalmente mais difícil se tornou no desenvolvimento desse escrito, foi também o que maior força interior teve para o levar a bom termo, visto tratar-se de uma homenagem que pretendi prestar ao filho, mas também à família e aos amigos que sempre estiveram com ele até aos últimos momentos. O David, a família e os amigos mereciam-no.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

VIAJAR… porquê ? Ainda o Monte St. Michel

Visitei a catedral de Beauvais pela primeira vez há cerca de 50 anos. Depois aconteceram outras visitas, porque vivem familiares na cidade, mas em 1989 a visita ao relógio astronómico da Catedral Saint Pierre de Beauvais mereceu-me especial atenção, chegando a comprar um livro que conta a sua história. 

É composto por cerca de 90.000 peças mecânicas de aço e latão, 53 mostradores em esmalte, 63 dispositivos automáticos e campainhas de variados tons. Mas tem outras características tão especiais ligadas à astronomia ou a ela relativas que lhe concedem a categoria de astronómico. O conjunto é alimentado por um motor principal e 14 motores secundários e foi construído entre 1865 e 1868 pelo famoso relojoeiro de Beauvais  Auguste-Lucien Vérité.
Para além de um incrível conjunto de figuras que se movimentam representando o juízo final, a sua decoração é inspirada na Bíblia, a referência ao Monte St. Michel com a previsão das marés que ali acontecem, também me deixou curioso e desejoso de visitar este lugar monumental, o que aconteceu neste ano de 2018. Não fui verificar se ali acontecem as marés ou não, mas fiquei a saber que tem a ver com os ciclos lunares que o relógio descreve com precisão. Assim, juntei o útil ao agradável visitando a Normandia e os locais do desembarque das tropas aliadas na 2ª.Grande Guerra, para além de outros lugares de muito interesse.
Fica assim dada a resposta à interrogação que deixei no início do texto: viajar porquê ? Simplesmente porque as viagens sempre me ajudaram a acrescentar algum conhecimento pessoal. E com esta viagem que incluiu a visita ao Monte St. Michel também assim aconteceu.